sábado, 22 de agosto de 2009

Jane

Sinto os olhos pesados, e abro-os com dificuldade. Sinto um cheiro a flores e consigo sentir mar perto. Levanto a cabeça. Que pesa, que dói. E de repente sinto umas garras a agarrarem-me o corpo e sinto-me em voo. Um corvo gigante agarrou em mim e inexplicavelmente colocou-me no seu dorso. A mf olha, assusta-se e fica apavorada por não me ver mais ali. Quero gritar, mas alguma coisa me emudece a voz. Não sei onde me querem levar mas tenho de sair dali. Estamos a ganhar cada vez mais altitude, e algo me diz que vamos em direcção a algo perigoso. Não penso mais e salto. O meu cabelo ganha um volume assustador, consigo senti-lo e aterro em vez de me estatelar no chão. Preciso de me esconder. Uso o truque que sempre usei mas que nunca contei a ninguém. Torno-me invisível aos olhos dos demais. Vejo a mf ao fundo, mas não me posso revelar. Ou talvez possa. Como iria ela reagir ao saber que a melhor amiga dela, de tantos anos, tem a capacidade de se tornar invisível aos olhos dos outros?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

mf

Um ruído harmonioso força-me a abrir os olhos. De seguida, enche-me as narinas um cheiro fresco e doce. O sol invade-me, quente. Conheço bem a sensação de descanso neste campo. Estou em casa.

De repente, levanto-me, em sobressalto. Pressinto um perigo qualquer que não consigo definir e olho em meu redor. A Jane dorme, tranquila, e não a acordo. Ao fundo da planície avisto uma criatura estranhíssima. É feia, coça-se toda e estrebucha por todos os lados, enquanto corre atrás... da fada! Ah! A fada! Afinal eu tinha razão!

Viro-me para a Jane, entusiasmada, para que não perca o que se está a passar, mas algo me faz gelar. Para onde foi ela??

Viro a cabeça em direcção à fada e à criaturinha esquisita que a persegue e só tenho tempo de me baixar: duas asas peludas passam por cima da minha cabeça e uma luz brilha por cima dela. Estão a fugir!

Corro atrás deles e grito: 'Voltem! Aqui ninguém vos faz mal! Não vão para as árvores altas, é perigoso!' Não sei se me ouviram. Também não me interessa. Tenho de encontrar a Jane. Para onde foi ela????

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MustardSeed

- Mágicas?! MÁGICAS?! Tu queres dizer que estas duas criaturas são como nós?! Mas era mais o que me faltava!

Sinto a cabeça à roda, eu nunca tinha visto humanos mágicos e nunca me passou pela cabeça que pudessem existir mais como nós. Seres mágicos.
O Puck apressa-me a que use o pó para as acordar, mas eu não quero, eu não quero saber dessas duas, eu não me esqueci que uma delas me partiu a asa, que está incrivelmente curada.

Viro as costas, e levanto voo à procura de alguma árvore para poder poisar e pensar, e atrás oiço o Puck completamente fora de si a chamar-me e a dizer que ainda me vou matar. Não quero saber, eu simplesmente não quero andar com aquelas duas atrás de mim, sejam elas mágicas ou não. Não fossem elas estariamos no nosso bosque, abrigadas pelo nosso Rei Oberon e a nossa Rainha Titânia, e agora eles nem sonham onde estamos...

E algo me diz que o Puck se vai transformar de novo e voar na minha direcção...

[Lança um forte suspiro e uma melodia suave mas forte enche o ar.]

Puck



-Não faço a mínima ideia de onde estamos, mas o que nos trouxe aqui foi um buraco mágico, um portal por onde só passam seres de magia, sabes o que isso quer dizer? – Nem a deixei responder. – Essas duas aí caídas são mais do que parecem ser…

A fada olhava-me atónita e eu senti uma picada nas costas, raio das pulgas… Senti uma nova picada, não costumam ser tão atrevidas, estendi o braço por cima do ombro e vasculhei por entre os pêlos e encontrei-a, apertei-a por entre os dedos e quando me preparava para a esmagar ouvi um zumbido. Hesitei e encostei-a ao ouvido, nem queria acreditar… Bom antes assim… Pelo menos podia dividir a responsabilidade, pus a pulga atrás da orelha, o que não deixou de ser caricato…

-Será que essas duas vão demorar muito tempo a acordar, não sei se vai levar muito a anoitecer mas não gosto deste sitio, estamos demasiado expostos e imagino que mais cedo ou mais tarde essas vão ter fome e sede. Não tens por aí nenhum pó de acordar?

domingo, 2 de agosto de 2009

MustardSeed

Acordo, depois de um sono que me pareceu durar uma vida. Olho para um céu estranhamente, intensamente, azul, e não vejo copas de árvores. Onde é que eu estou?!

Levanto-me. A asa já não me dói, a asa está curada! Meu Deus... quanto tempo terei eu dormido?! Dou-me conta do Puck, que ainda não reparou que acordei mas que está acordado, e dou-me conta das duas humanas, o que me faz suspirar. Quando eu suspiro sai uma melodia. O Puck olha para trás, para mim, e a primeira coisa que se lembra de me dizer é onde é que eu tinha a cabeça para me dar a conhecer assim às humanas, e que eu sou uma imprudente, e bla bla bla! É que nem lhe respondo, viro-lhe as costas, e ele sabe bem, mas muito bem que quando faço isto não vale a pena continuar!

Quando ele se cala, volto-me de novo para ele e pergunto:

"Puck, mas onde é que nós estamos afinal?!"